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- Sou muito homem, ouviste, ó cabrão? Isto é uma passadeira!
Já não era ouvido mas continuou a barafustar com o condutor do BM que lhe tinha chamado paneleiro depois de não respeitar o vermelho. O sinal verde abriu, e de repente, ficou sem público. Até ele atravessou a rua enquanto ainda olhava na direcção do carro que se tinha perdido no meio do caótico trânsito da cidade. Ao passar pelo quiosque perdeu-se nas parangonas dos desportivos e meio de esguelha olhou as capas das playboys mas nenhuma era recente. Já conhecia todas, não que as comprasse, mas tinha ido ao barbeiro a semana passada e lera-as à borliú. Ler, ler, também não. As imagens valiam por si só e não necessitavam de comentários.
Deitava-se tarde. Ficava-se pelo Café Zip até às tantas. Hoje era madrugada para ele, ainda não eram nove e a cidade já estava a aquecer. Passou pela montra da Zara e mirou-se. Gingava o corpo enfiado na melhor roupa que tinha. Deu um jeito às calças e arranjou o material – detestava aquelas cuecas que tinha comprado nos ciganos, eram assim para o largo e ficava com o material todo a bambolear. Dobrou a esquina e viu logo que não era o seu dia de sorte. A fila já levava uns 10 metros. – Raios partam isto tudo. Se calhar não ia ser atendido de manhã. Quando a repartição abriu entregaram as senhas de ordem. Era o 37. ‘Dasssssss, detestava aquele número. Era o da casa da Amélia, a primeira namorada que queria casar com ele e estava grávida do filho da ti Gusta.
- 37. Trinta e sete!
Pôrra, era ele. Ergueu o braço e entregou a senha.
Se tinha disponibilidade para uma possível experiência. Pois claro que tinha. Se não trabalhava, estava disponível, raio de pergunta. Habilitações? – Fui até ao 6º. Muito bem, ficamos com os seus dados, estão a meter pessoal para o turno da noite, caso surja algo telefonamos. – Para o turno da noite?, não a essa hora não posso.
.
- Então, foste atendido?
- Não.
- Sou muito homem, ouviste, ó cabrão? Isto é uma passadeira!
Já não era ouvido mas continuou a barafustar com o condutor do BM que lhe tinha chamado paneleiro depois de não respeitar o vermelho. O sinal verde abriu, e de repente, ficou sem público. Até ele atravessou a rua enquanto ainda olhava na direcção do carro que se tinha perdido no meio do caótico trânsito da cidade. Ao passar pelo quiosque perdeu-se nas parangonas dos desportivos e meio de esguelha olhou as capas das playboys mas nenhuma era recente. Já conhecia todas, não que as comprasse, mas tinha ido ao barbeiro a semana passada e lera-as à borliú. Ler, ler, também não. As imagens valiam por si só e não necessitavam de comentários.
Deitava-se tarde. Ficava-se pelo Café Zip até às tantas. Hoje era madrugada para ele, ainda não eram nove e a cidade já estava a aquecer. Passou pela montra da Zara e mirou-se. Gingava o corpo enfiado na melhor roupa que tinha. Deu um jeito às calças e arranjou o material – detestava aquelas cuecas que tinha comprado nos ciganos, eram assim para o largo e ficava com o material todo a bambolear. Dobrou a esquina e viu logo que não era o seu dia de sorte. A fila já levava uns 10 metros. – Raios partam isto tudo. Se calhar não ia ser atendido de manhã. Quando a repartição abriu entregaram as senhas de ordem. Era o 37. ‘Dasssssss, detestava aquele número. Era o da casa da Amélia, a primeira namorada que queria casar com ele e estava grávida do filho da ti Gusta.
- 37. Trinta e sete!
Pôrra, era ele. Ergueu o braço e entregou a senha.
Se tinha disponibilidade para uma possível experiência. Pois claro que tinha. Se não trabalhava, estava disponível, raio de pergunta. Habilitações? – Fui até ao 6º. Muito bem, ficamos com os seus dados, estão a meter pessoal para o turno da noite, caso surja algo telefonamos. – Para o turno da noite?, não a essa hora não posso.
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- Então, foste atendido?
- Não.
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