domingo, 25 de dezembro de 2011

historieta de Natal

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Ouvia o crepitar de lenha e sentia-se confortavelmente aquecido.
Aquecido mas um pouco confuso. Como é que tinha ido ali parar? Ele que tinha sido toda a vida cão, agora de repente tinha virado um felino.
Que humilhação para a sua raça.
Também estava por esclarecer, sendo ele do norte, como estava agora na zona de Pasárgada. Era tudo muito estranho. Contudo estava a aproveitar para conhecer coisas novas. Ao menos a casa, apesar de diferente, também se chamava Casa Amarela e bastava este nome para o reconfortar.
Não é que se importasse de lá estar, mas ali era tudo tão diferente. Apesar de ter virado gato chamavam-lhe FunesDog, gesto que além de curioso era censurável. FunesDog para alguém que um dia havia de ser primeiro ministro, pffff. Havia um seu semelhante chamado Pirolas Bacoco que era a desgraça do dono pois comia tostas místicas a torto e a direito, mais para o direito, diga-se de passagem. Pirolas! Mas que raio de nome, às tantas enganaram-se no registo e o dono queria era tê-lo baptizado de Pérolas.

O dono, o FredAlmeia, até era simpático. Trabalhava imenso na terra. Todos os dias lá ia ele trabalhar de bicicleta e de gorro de lã enfiado na cabeça, fizesse ou não frio. Seria ele careca? A comida dos gatos vinha sempre via FEDEX, numas embalagens enormes e com um grande laçarote. Ele achava escusada tanta ostentação, mas ninguém o ouvia. A carrinha do FEDEX era conduzida por uma competente e dedicada funcionária de seu nome BlimundaMeiaLua e sempre acompanhada e supervisionada pela NocasRefilona, chefe-mor herdeira do império Regina. Já conhecido o mau humor matinal destas personagens, antes de saírem da voiture, era-lhes enfiado uma chávena de café e um rafaelo pela goela abaixo.
De vez em quando a mãe do dono, que sabe-se lá porquê cheirava sempre a CHOCOlate, vinha visitá-lo. Era uma visita agradável, pois como passava o tempo a fazer petiscos para o filho ele acabava por comer restos dignos de um gourmet.
Às vezes também aparecia um amigo, vindo lá dos lados de Porto, o LuísCru. Era uma pessoa simples, nem carro tinha, vinha sempre a correr por ali fora, para estar sempre em forma.
Era tudo excêntrico por ali. O dono do PirolasBacoco e agora seu dono também tinha uma sala enorme de cinema cheia de sofás de uma raridade tal, que só altas entidades lá entravam. Por vezes também dava lá concertos sempre com a cantora convidada TêCallas, que cantava maravilhosamente, mas não se calava.
Mas a grande contrariedade de ser felino era ter de comer peixe todos os dias. Apetecia-lhe era um bilharaco. De vez em quando era salvo pela vizinha, a americana McCampus, que lhe atirava com restos de vísceras, gordurosas q.b, e fatias de bacon frito. Abençoada vizinha.
Em cima da lareira, além de uns bibelots encontrava-se uma moldura de uma tal prima brasileira, a Pat, que nunca aparecia.
Enroscou-se um pouco mais, o crepitar continuava. Pum! Pum! Deu um salto para fora do cesto.

Acordou!
Oh! Estavam a abrir o espumante, era noite de Natal, estava no norte, continuava canino e a morar na Casa Amarela.
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2 comentários:

Mofina disse...

¿y porque esto ha volado para aqui?

Mofina disse...

Pasárgada? Onde fica isso?