segunda-feira, 17 de outubro de 2011

meu corpo é outono


os frutos
abandonaram a forma sadia
e obedecem à leia da gravidade

os sulcos
foram anos cavados no tronco
e afastam o toque, pela rugosidade

a seiva
é aguadilha terminal
e já não produz qualquer rebento

a raiz
a qualquer instante solta o sabugo da terra
e parte sem destino definido

os ramos
basculam em abraços
alimentados por alguma xilema mais activa

as folhas
ainda respiram, fazem jogos de clorofila
e esperam poisar ao de leve no solo

até às chuvas
.

1 comentário:

Mofina disse...

que as chuvas nos libertem